Sou Fabiana, Terapeuta Ocupacional, e hoje vou falar um pouco de um tema que vem tomando espaço na nossa sociedade, o Autismo (TEA).
O autismo é uma disfunção global do desenvolvimento, que afeta a capacidade de comunicação do indivíduo, de socialização e de comportamento.
Não se conhece a causa do autismo, mas, estudos indicam que a desordem pode ser em parte, genética.
Em muitos casos, já existe possibilidade de detectar esta disfunção antes dos dois anos de idade.
Segundo a ASA (Autism Society of American), indivíduos com autismo usualmente exibem pelo menos metade das características listadas a seguir:
- Dificuldade de relacionamento com outras pessoas;
- Riso inapropriado;
- Pouco ou nenhum contato visual;
- Aparente insensibilidade à dor;
- Preferência pela solidão;
- Modos arredios;
- Rotação de objetos;
- Inapropriada fixação em objetos;
- Perceptível hiperatividade ou extrema inatividade;
- Ausência de resposta aos métodos normais de ensino;
- Insistência em repetição, resistência à mudança de rotina;
- Não tem real medo do perigo (consciência de situações que envolvam perigo);
- Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal) e Estereotipias (movimentos repetitivos, como: girar roda, balançar as mãos, balançar o corpo, bater palmas, entre outros);
- Recusa colo ou afagos;
- Age como se estivesse surdo (“audição seletiva”);
- Dificuldade em expressar necessidades (Usa gesticulação e apontar no lugar de palavras);
- Acessos de raiva - demonstra extrema aflição sem razão aparente;
- Irregular habilidade motora - pode não querer chutar uma bola, mas pode arrumar blocos.
É muito importante salientar que nem todos os indivíduos com autismo apresentam todos estes sintomas, porém a maioria dos sintomas pode estar presente nos primeiros anos de vida da criança, estes variam de leve a grave e em intensidade de sintoma para sintoma.
Vale lembrar que a ocorrência desses sintomas não é determinista no diagnóstico do autismo, para tal, se faz necessário acompanhamento com psiquiatra infantil ou neuropediatra.
O diagnóstico é clínico, apenas através de observação, entrevista com os pais, relatório da escola e da equipe paramédica que o acompanha (caso já tenha alguma), como os sintomas costumam estar presentes antes dos 3 anos de idade, é possível fechar um diagnóstico por volta dos 18 meses de idade.
Com o diagnóstico fechado a criança precisa ter um tratamento adequado com uma equipe multidisciplinar, como: Neurologista, psiquiatra infantil, fonoaudiologia, terapia ocupacional, em alguns casos terapeuta comportamental, musico terapeuta. Cada caso é único, e deve ser analisado para saber a necessidade de cada criança, o importante é começar o mais precoce possível o acompanhamento terapêutico.
O papel do Terapeuta Ocupacional
Os terapeutas ocupacionais utilizam uma abordagem holística nos seus programas de intervenção. Eles levam em conta as capacidades e necessidades físicas, sociais, emocionais, sensoriais e cognitivas de cada paciente.
Esse profissional trabalha para desenvolver habilidades para a escrita, habilidades motoras finas e habilidades da vida diária. No entanto, um papel muito importante é também avaliar e intervir nos distúrbios do processamento sensorial da criança. Isto é benéfico para remover as barreiras à aprendizagem e ajudar os alunos a se tornarem mais calmos e mais concentrados.
Quais são os benefícios da Terapia Ocupacional para a criança com Autismo?
Quando falamos em Terapia Ocupacional Infantil, nos remetemos a três grandes áreas nas quais são de extrema importância na infância: AVDs (atividades da vida diária), atividades relacionadas ao trabalho escolar e o brincar.
A criança aprende sobre o mundo quando interage com ele, usando as informações que lhe chegam pelos sentidos, essas interações se dão através do brincar, sendo este o principal recurso utilizado pela Terapeuta Ocupacional.
O objetivo global da terapia ocupacional é ajudar a pessoa com autismo a melhorar a qualidade de vida em casa e na escola.
O terapeuta ocupacional ajuda a introduzir, manter e melhorar as habilidades para que as pessoas com autismo possam chegar à independência. Estas são algumas das habilidades que a terapia ocupacional pode promover:
- Habilidades da vida diária, tais como o treinamento do toalete, vestir-se, escovar os dentes, pentear cabelos, calçar sapatos, e outras habilidades de preparação; • Habilidades motoras finas necessárias para a realização de caligrafia ou cortar com uma tesoura;
- Habilidades motoras utilizadas para andar de bicicleta;
- O sentar adequado, percepção de competências, tais como dizer as diferenças entre cores, formas e tamanhos;
- Consciência corporal e sua relação com os outros;
- Habilidades visuais para leitura e escrita;
- Brincar funcional, resolução de problemas e habilidades sociais;
- Integração dos sentidos, realizado através da abordagem de integração sensorial com objetivo de diminuição de estereotipias;
Ao trabalhar sobre essas habilidades durante a terapia ocupacional, uma criança com autismo pode ser capaz de:
- Desenvolver relacionamentos com seus pares e adultos;
- Aprender a se concentrar em tarefas;
- Expressar sentimentos em formas mais adequadas;
- Envolver-se em jogo com os pares;
- Aprender a se auto-regular;
- Realizar atividades mais refinadas como: escovar dentes, lar laço, vestir-se etc. • Independência;
- Aprendizagem;
- Autoconfiança;
Enfim, um objetivo de extrema relevância da Terapia Ocupacional é orientar as Famílias, bem como professores e demais profissionais que precisam de ajuda para compreender e sabe lidar com crianças portadoras de autismo, para que estas se desenvolvam e consigam interagir nos ambientes que frequentam e com as pessoas com as quais convive.
Faço parte da Equipe das Escolas Piuí Chá Chá e estou à disposição para qualquer esclarecimentos e dúvidas.